NOVOS MUNDOS NOVOS
para meu irmão eduardo
“Apesar de todas as suas vantagens materiais, a vida sedentária nos deixou irritáveis, insatisfeitos. Mesmo depois de quatrocentas gerações em vilas e cidades, não esquecemos. A estrada aberta ainda nos chama suavemente, quase como uma canção esquecida da infância. Atribuímos um certo romance aos lugares remotos. A minha suspeita é de que o apelo tem sido meticulosamente elaborado pela seleção natural, como um elemento essencial de nossa sobrevivência. Longos verões, invernos amenos, ricas colheitas, caça abundante – nada disso dura para sempre. Está além de nossos poderes predizer o futuro. As catástrofes têm um modo de nos atacar sorrateiramente, pegando-nos desprevenidos. Talvez você deva sua vida, a de seu bando ou, até mesmo, a de sua espécie a uns poucos inquietos – levados, por um desejo que mal podem expressar ou compreender, a terras desconhecidas e a novos mundos.”
Carl Sagan. “Os errantes: uma introdução”.
In: Pálido Ponto Azul, 1994
O pretexto é a passagem do navegador espanhol Vicente Yáñez Pinzón pela costa brasileira em janeiro de 1500, meses antes da chegada oficial de Pedro Álvares Cabral. Sem querer comprovar quem de fato nos descobriu, pois na arte é possível superar conflitos políticos e limitações históricas, a exposição aborda o imaginário relacionado a inquietudes e impermanências associadas ao Ciclo dos Descobrimentos, do qual, brasileiros habitantes do Novo Mundo, a uma só vez resultamos como herdeiros e como herança.